Crédito para reforma: o plano que promete reerguer o varejo de materiais de construção
- Redação Liga News
- há 1 dia
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Programa Reforma Casa Brasil deve injetar R$ 40 bilhões no setor de materiais de construção, reacendendo o varejo e o crédito para reformas.

O Reforma Casa Brasil, anunciado pelo governo nesta segunda (20), chega como aquele velho conhecido que o setor sentia falta — e finge que não.A proposta é simples (na teoria): liberar crédito para reformas residenciais e ocupar o vácuo deixado pelo Construcard, linha suspensa pela Caixa em 2019 e que nunca mais voltou.
A expectativa é clara: com juros ainda altos e vendas de materiais em queda, o novo programa pode ser o empurrão que o setor precisava. Afinal, cimento, tijolo e tinta dependem menos de vontade e mais de crédito.
O presidente da Abramat, Paulo Engler, resume o clima de euforia contida: “É algo extremamente positivo. Se deslanchar em novembro e dezembro, pode trazer movimentação importante ainda este ano.”
O otimismo não é à toa — a previsão de crescimento do setor foi revisada para baixo em setembro: de 2,3% para 1,3% em 2025 .Mas se o programa “pegar”, as estimativas podem subir de novo.
O varejo de materiais respira (ou tenta)
Para o presidente da Anamaco, Cássio Tucunduva, o novo crédito pode ser o alívio que faltava para as lojas: “Sentimos retração nas vendas. O programa pode reverter isso e será de grande valia para lojistas e consumidores.”
A entidade projeta um crescimento de 2,6% nas vendas em 2025. Pouco? Talvez. Mas num mercado ainda travado pelos juros, é quase um fôlego.
🏗️ O efeito dominó na cadeia da construção
O presidente da CBIC, Fernando Guedes, lembra que uma simples reforma mexe com tudo — da loja de bairro ao pedreiro autônomo: “Cada obra movimenta o comércio local e gera ocupação imediata. Melhora o ambiente doméstico e devolve autoestima às famílias.”
Em outras palavras: o Reforma Casa Brasil pode ter efeito rápido e visível.
O fantasma do Construcard
O novo programa resgata um ícone esquecido: o Construcard. Por anos, ele foi o motor das vendas de materiais, permitindo parcelamentos de até 240 meses. Mas acabou sepultado pela inadimplência alta — e deixou um buraco no mercado.
“O Construcard sempre é lembrado. Muita gente ficou sem acesso a esse tipo de crédito”, disse Engler.
Agora, o Reforma Casa Brasil tenta reviver o conceito, com juros menores e foco na classe média e baixa renda.
Os números do novo plano 💸
Meta: 1,5 milhão de contratações
Recursos: R$ 40 bilhões (R$ 30 bi do fundo social do pré-sal + R$ 10 bi da Caixa)
Faixas atendidas: renda de até R$ 9,6 mil
Financiamentos: de R$ 5 mil a R$ 30 mil
Juros: entre 1,17% e 1,95% ao mês
Prazo: até 60 meses
A expectativa é movimentar o básico: cimento, telhas, areia e elétrica. Nada glamouroso — mas o suficiente para fazer a roda girar.
“Crédito que cabe no bolso” (será?) 🤔
Engler acredita que o juro “alto, mas aceitável” pode caber no orçamento familiar. Com renda em alta e desemprego baixo, o contexto ajuda. Mas o alerta vem do setor jurídico: o sonho da reforma pode virar mais uma parcela no fim do mês.
🚨 O risco do endividamento disfarçado
Para o advogado Marc Stalder, do Demarest, o programa é uma faca de dois gumes:
“Revela mais um caminho para o endividamento da população.”
E ele levanta pontos sensíveis:
Quem garante que o tomador é dono do imóvel?
Haverá exigência de garantia real?
Como será fiscalizado o uso dos recursos?










