Faixa 4 do MCMV empaca: só 7 mil contratos em 3 meses

Lançada em maio, a faixa 4 do Minha Casa Minha Vida ainda não deslanchou: apenas 7 mil contratos foram assinados até agora, menos de 6% da meta de 120 mil moradias.

Imagem: Freepik.

Lançada em maio como a “salvação” da classe média no sonho da casa própria, a faixa 4 do MCMV ainda não engrenou. Até agora, a Caixa contabiliza 7 mil contratos assinados, apenas 5,8% da meta de 120 mil moradias até 2026. Outros 15 mil estão na fila e mais de 1 milhão de simulações foram feitas — ou seja, interesse existe, mas execução ainda não.

💸 Taxa subsidiada ajuda, mas não resolve tudo

Com juro fixado em 10% ao ano (bem abaixo da média de mercado de 13%), a faixa 4 abre espaço para famílias com renda de até R$ 12 mil mensais comprarem imóveis de até R$ 500 mil em até 420 meses.

Parece tentador, certo? Mas a escassez de novos empreendimentos adequados tem travado a adesão. Por enquanto, os contratos se concentram em imóveis usados ou unidades já lançadas que foram “encaixadas” no programa.

🏗️ Construtoras correm atrás, mas ainda sem incentivo

O setor não estava preparado. Faltam produtos prontos para atender essa faixa: e os lançamentos vão demorar meses para ganhar tração.

Pior: o financiamento para construtoras ainda sai de recursos de tesouraria, sem subsídio, o que não anima os empresários. Há negociações em Brasília para criar linhas mais competitivas.

🔍 Risco de ajustes no horizonte

Oficialmente, Caixa e Ministério das Cidades afirmam: é cedo para mexer na faixa 4. “É natural o programa começar mais lento e depois acelerar”, disse Daniel Sigelmann, do ministério.

Mas no mercado, nomes como Ricardo Ribeiro (Direcional) já falam em ajustes caso o orçamento de R$ 30 bilhões siga sendo consumido devagar. Tradução: se o governo não turbinar o “affordability” (poder de compra), a meta pode virar letra morta.

🏢 MRV e Direcional já surfam a onda

Mesmo devagar, a nova faixa já ajuda grandes players. A MRV&CO conseguiu vender unidades que estavam acima da faixa 3 (até R$ 350 mil), enquanto a Cury e Direcional reforçam sua aposta no programa.

O setor sabe: se a faixa 4 pegar de verdade, pode reposicionar todo o mercado de média renda no país.

🤔 E aí, vai ou não vai?

O governo vendeu a faixa 4 como “a casa própria da classe média”. Mas, até agora, o que temos é uma mistura de expectativa alta e execução lenta.

A pergunta que fica: será que o programa acelera a tempo de entregar os 120 mil contratos prometidos — ou vai parar no meio do caminho?