Infraestrutura bombando: por que investidores estão brigando por estradas federais

Concorrência recorde, deságio de quase 20% e bilhões em investimentos mostram que, apesar dos juros altos, os leilões rodoviários ganharam tração em 2025.

Gráfico: Valor Econômico.

Quem disse que os juros altos e a economia travada iam esfriar os leilões rodoviários? Pois 2025 está aí para desmentir. O certame da Rota Agro (BR-060/364/GO/MT) atraiu cinco participantes, o maior número em sete anos. Foi tanta disputa que empatou o recorde de 2018 (BRs 116 e 392), mas com uma diferença: agora há mais projetos em carteira e mais diversidade de players na mesa.

💸 Desconto agressivo: sinal de maturidade ou de risco?

O Consórcio Rota Agro Brasil venceu oferecendo um deságio de 19,7%, o segundo maior entre 18 leilões recentes. Traduzindo: o mercado acredita no modelo e topa margens apertadas.

Mas será que essa ousadia vai se sustentar nos 30 anos de concessão? Advogados de peso dizem que sim, que o arcabouço regulatório está mais maduro e dá segurança para descontos agressivos sem comprometer investimentos.

🏗️ Quem está no jogo: XP, construtoras e novas caras

Se antes leilão rodoviário era território quase exclusivo de grandes empreiteiras, agora o tabuleiro está mais diverso. No páreo, vimos nomes como a XP, construtoras como Way Brasil e VF Gomes, além da EPR, especialista em concessões.

Resultado: o setor está mais plural, competitivo e menos dependente dos velhos players.

Leilão da Rota Agro foi realizado na B3, em São Paulo Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil.

📊 O que vem pela frente: 15 leilões em 2025?

O governo federal já fez oito certames só neste ano e ainda promete chegar a 15. Se a Rota Agro foi um termômetro, dá para esperar mais briga boa nos próximos editais. A meta é fechar o mandato com 35 concessões — e, convenhamos, nunca o asfalto foi tão disputado.

🚦 O projeto em números: bilhões na pista

A Rota Agro terá 490 km, ligando Rio Verde (GO) a Rondonópolis (MT). O contrato vai durar 30 anos, com mais de R$ 7 bilhões em investimentos, sendo R$ 4,4 bi em capex e R$ 2,8 bi em opex. Tudo isso em um trecho vital para o agronegócio e para o tráfego de cargas. Não é só uma rodovia — é a veia logística do Centro-Oeste.

Moral da história: enquanto a macroeconomia segue turbulenta, os leilões rodoviários estão mostrando vitalidade, concorrência crescente e muito dinheiro no horizonte. E quem achava que o apetite estava em baixa pode começar a rever os cálculos.